“Desilusão...

Danço eu, dança você na dança da solidão” (Paulinho da Viola, eternizada na voz de Marisa Monte).


Nós, seres-humanos, temos a tendência de fantasiar, criamos ilusões que nos permitem sobreviver ao Campo de Concentração (“A vida é bela”) ou à dura realidade que nos rodeia (“O labirinto do Fauno”). Porém essa mesma ilusão que nos salva, também é aquela que nos cega, nos deixa à mercê do perigo da desilusão.
Somos criativos, nos permitimos imaginar e dar vida aos mais absurdos pensamentos que permeiam nossa mente. Por isso nossa facilidade (e necessidade) de enxergar o que não existe, de ouvir o que não foi dito e interpretar o que não foi feito. E, o pior, a partir do que não existe, vivenciamos situações, relacionamentos e chegamos até a inventar memórias que nunca foram nossas.
Entregamo-nos às expectativas dificílimas de serem alcançadas, colocamos o outro nessa mesma posição e aguardamos que ele supra esta expectativa inalcançável, que responda de forma adequada a um pensamento exclusivamente nosso, que não fora compartilhado.
E assim nos desiludimos, não compreendemos como tal situação ocorreu e acabamos perdendo a esperança que depositávamos no outro, sem perceber que essa esperança estava sendo depositada em nós mesmos e em um outro que criamos. 
Quanto mais estimamos as pessoas, mais desejamos que suas atitudes estejam de acordo com o nosso ideal de comportamento. Quanto mais elas não nos correspondem, mais duro será enfrentar a realidade: somos todos reles humanos, inacabados e imperfeitos. 

A verdade é que viver não é uma equação matemática simples, nem sempre 1 + 1 = 2, temos um infinito de possibilidades e de aprendizado. Existem n variáveis ao encontrarmos outro ser-humano, com seus próprios algoritmos, seus números complexos e teorias. 

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