O que faz os seus olhos brilharem?
A
gente “se torna” adulto e comumente esquece das traquinagens que fazíamos
quando éramos crianças. A mente à mil, tamanha criatividade, os pensamentos borbulhantes, as mãos irrequietas,
a curiosidade à flor da pele. O mundo parecendo uma colcha de retalhos, tudo
meio estranho, tudo meio grande, longe... uma grande aventura pronta para ser desbravada.
As
possibilidades eram inúmeras: o shampoo era a mamãe da miniatura de
condicionador, a lista telefônica era um livro escrito na idade média, as
formigas eram guerreiras presas em cativeiro, amigos imaginários. Tudo era possível. Colorido.
Olhávamos
ao nosso redor e eram tantas novidades a serem descobertas, nossos olhos
vidrados em cada movimento, em cada passo, não podíamos perder nada, o planeta em
rotação e nós, átomos. Seres vivos. Homo sapiens. Mamífero. Onívoro. Vertebrado.
E
quando menos se espera você se pergunta “Por que é que um chapéu faria medo?”[1] e não existe mais lista telefônica, a formiga é um
insetinho chato que aparece para atrapalhar, o shampoo está caro. A vida de
adulto não tem muitas cores: é preto no branco. Indivíduo. Emprego. Dinheiro.
Contas. Estresse.
Mesmo
parecendo que sabe e conhece tudo com sua gravata apertada ou o seu salto alto, que
tal dar uma pausa? Desacelerar... não apenas olhar, mas enxergar o seu entorno... ouvir os pássaros cantando, o sol ou a garoa em seu rosto... que tal deixar essa criança que existe dentro de você (pirata, princesa, astronauta, bailarina, jogadora de futebol,
médica, cobradora de ônibus) sair para brincar?
Que
tal reviver algo que faça seus olhos brilharem? Sem a necessidade de grandes
explicações, além das aparências e das obrigações.
"Todas as pessoas grandes foram um dia crianças – mas poucas se lembram disso" [1].
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[1] "O Pequeno Príncipe", Antoine de Saint-Exupéry.