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Vivemos em uma sociedade com poucos
laços afetivos, com a supremacia da individualidade e do relacionamento
capitalista. Em uma sociedade virtualizada, em que as relações são efêmeras e
questionáveis, com pouco toque e pouco abraço, com um pouco de tudo e um tudo
de nada. Nossas vulnerabilidades se sobressaem, porque a gente se fecha, se exclui,
se segmenta... se esquiva do amor, das relações, da vida, para não sentir dor e
não sangrar.
E assim a gente caminha, entre cliques
e deletes, entre números e excessos, que não fazem sentido, não fazem sentir.
Inventamos dias para tudo, porque assim a gente finge que se importa, finge que
se envolve e até chega a acreditar, porque estamos sobrecarregados dos nossos
trabalhos falhos, do nosso cotidiano, da falta de tempo e dos dizeres vazios.
Respondemos no automático que está tudo
bem, que sentimos saudades – quando na verdade nem sabemos o que isso realmente
significa, que nos encontraremos em breve e esperamos respostas rápidas, como
um bom adulto deve atuar.