Danço eu, dança você...

Por que escrever em um blog? Por que publicar ideias e bizarrices? Vaidade? Talvez. Diria que minha vontade é de ser lida, é conseguir lidar com minha dificuldade em expressar o que realmente sinto e de falar, ou melhor, de escrever. Quem lê? Não tenho ideia. Importa-me? Não, me importa que eu tenha a possibilidade de extravasar e de, sem amarras, escrever o que me dá vontade. Por que estou escrevendo isso tudo? Rá, porque eu quero ;)


Em um mês de trabalho com adolescentes que estão cumprindo medida socioeducativa, hoje foi a segunda vez que tenho noção da complexidade do meu trabalho e das possibilidades que possuo dentro daquela sala de atendimento.
A primeira vez senti uma nuvem negra sobre o meu céu, parecia que minhas entranhas estavam sufocadas por uma pressão sem nome, precisavam explodir e não me cabiam mais. Ok, isso foi um tanto quanto dramático, entretanto foi como me senti ao sentar-me frente ao jovem que deliberadamente não teme a morte e não teme as conseqüências dos seus atos, um jovem que aparentemente não tem consciência perante todos os olhares externos, só que na verdade tem certeza do prazer que sente pela criminalidade e de estar à margem, local este que ele não só se acostumou, mas gosta e quer estar. Um jovem sem expressão em seu rosto e na sua fala, que viu amigos e colegas morrerem e que vive na guerra cotidiana dos becos e das bocas. A minha ideia de potência e de controle do que está ao meu redor esvaíram, simplesmente viraram pó.

Hoje, diferente da primeira vez, havia em frente aos meus olhos um crepúsculo, uma delicada mistura de dia e noite colorido e ao mesmo tempo sombrio. Pude ver nitidamente um choque no adolescente, com seus diabinhos e anjinhos próprios, sobrevoando e sussurrando em seu ouvido. Os dois estavam em afinco, lutando e contradizendo-se, e era claro em seus olhos a perturbação de tantos pensamentos. Novamente senti minha impotência gritante, me senti como mais uma alegoria ou quem sabe um fantoche, também manipulada pela contradição desta cena agonizante. É difícil lidar com o lado negro da força, porque eu não tenho força o suficiente para lutar com pessoas tão mais qualificadas, que utilizam do calcanhar de Aquiles do outro e derrubam qualquer possibilidade de reflexão. No coletivo minha voz perde força e infelizmente existe a grande probabilidade de eu não ganhar essa batalha, mas vou continuar na luta. Sempre.

Mudando de assunto!

Estava discutindo com colegas de trabalho a questão do gerúndio: a utilização incorreta para, imagino eu, soar intelectualizado; a origem do inglês; e que há sim forma de falá-lo corretamente, sem cair nos vícios de linguagem – para também não sermos injustos e apenas taxá-lo como errado.
Conversamos acerca a razão do uso de gerúndio, que agora com leitura posso dizer: quando o gerúndio transmite a ideia de ação de um momento específico (verbo estar); intensidade ou movimento (verbo andar); progressão (verbo ir); desenvolvimento gradual (verbo vir) o uso está correto. Site: http://www.portugues.com.br/naofale.htm


"... na dança da solidão".

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