"E agora, José?"

Ao som de “When I Was Your Man” - Bruno Mars.
Hoje cedo li um texto curto e impactante do Gregorio Duvivier intitulado “Desculpe o transtorno, preciso falar da Clarice”, no texto ele perpassa sobre o início, meio e o fim de seu relacionamento com Clarice. Você sente cada palavra, cada ponto, cada vírgula, mesmo não tendo presenciado o relacionamento dos dois e mesmo não vivenciando o término de um relacionamento amoroso desta forma, você sente.
O texto curto, como disse anteriormente, porém impactante, logo tomou as redes sociais e ficou em primeiro lugar no top trending ao longo desta segunda-feira melancólica. A repercussão me chamou muito a atenção, pois algumas pessoas próximas estão vivendo a mesma situação, contudo, certamente, ainda não estão no mesmo momento que Gregorio... estão no choro doído e na lamúria de “How I Met Your Mother”.
Primeiro tenho que dizer: Gregorio, não peça desculpas por sentir e por ter vivido algo tão bonito, tão único e tão de vocês. É de tamanha coragem demonstrar nossos sentimentos, ainda mais quando faz milhares de pessoas sentirem com você, um relacionamento especial e que, infelizmente, não finalizou em “Foram felizes para sempre” juntos.
Não tenho esta experiência de término de relacionamento amoroso (graças a Deus), apenas paixonites que tinham prazo de validade, que estavam fadadas ao fracasso e ao fim, mesmo antes de começar. O mais próximo que tive disso foi profissional, há quase dois anos quando fui desligada de um local em que eu me sentia pertencente. E doeu. Doeu muito.
Entendo que as rupturas podem ocorrer em relacionamentos amorosos ou de amizade, empregos, da vida... de nós mesmos. Indiferente da situação, elas nos rasgam por dentro, dilaceram nosso amor próprio, corroem nossos sorrisos e parte da nossa alegria de viver. São feridas abertas que sangram quando parecem que estão sarando. E por algum tempo até parecem que realmente são incuráveis.
Não adianta acordar, porque o pesadelo é vívido... esta é a vida real. Todos os planos feitos em conjunto, a comodidade de ter algo / alguém com quem compartilhar os momentos... o sentimento de traição, mesmo que não tenha ocorrido uma, de ter sido enganada e ter vivido uma ilusão por meses, anos, décadas. A sensação de vazio e de estar perdida em um mar desconhecido, sem perspectiva de futuro.
“E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José?”
E agora você vai juntando os caquinhos, tentando colar os pedaços, tentando entender o que aconteceu, mesmo que nunca faça realmente sentido. Você vai sobrevivendo aos dias, sobrevive aqueles dias “menos piores”, alguns dias você vê passar apática, inerte, longos 1440 minutos, alguns dias você gostaria de não existir... mas você existe, persiste.
“Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse se você cansasse, se você morresse... Mas você não morre, você é duro, José!”
Não existe conselho milagroso, mandinga tão poderosa que faça a vida entrar no eixo e não existe receita mágica, infelizmente. Nada e nem ninguém pode te tirar deste looping frenético... apenas você. Sobrevivendo um dia de cada vez até aprender a viver novamente.
“Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja do galope, você marcha, José! José, para onde?”
Você marcha sem rumo para onde o mundo lhe levar... e quando você menos espera, você se encontra em uma rua qualquer com uma cicatriz no peito, marcas profundas de uma batalha vencida. Só você sabe, e saberá, o que viveu para chegar até ali. Só você sabe o tempo que esta ferida levou para se tornar apenas uma lembrança.
“José, e agora?”, agora só nos resta viver!

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